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Mostrando postagens de setembro, 2017

Segui o colibri

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Um instante com um beija-flor e uma revelação sobre o que nos nutre. Crônica poética sobre leveza, busca e conexão Segui o colibri Foi um instante. Mas esses instantes, tão pequenos quanto um bater de asas, são os que ficam. Vi um colibri. Não foi a primeira vez, mas naquela manhã ele apareceu como sinal. Pequeno, veloz, curioso — desses seres que parecem saídos de um sonho antigo. Voava de flor em flor com precisão e graça. Um toque aqui, outro ali. Não sugava a flor. Beijava. E foi nesse gesto sutil que algo me tocou. Pensei no néctar. Pensei no amor. E entendi, de repente, a frase que eu havia escrito dias antes: "O néctar se conecta com o amor do beija-flor." Sim. Porque ele não voa atrás de qualquer flor. Ele escolhe. Tem preferência, tem fidelidade. E quando encontra o que deseja, mergulha — leve, inteiro, vibrante. Segui o colibri com os olhos. Depois com o pensamento. Depois com o coração. E percebi: talvez a vida seja isso. Encontrar o néctar certo. Não ...

Flores que voltaram

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  Flores caídas e recolhidas. Elas voltaram à vida   Você já recolheu algo que parecia perdido — e se surpreendeu?  Crônica  sensível  sobre ipês,  flores recolhidas e o poder de pequenos  gestos para despertar o que parecia perdido.  Um texto  sobre  recomeços, cuidado e a beleza  escondida nos intervalos Flores que voltaram à vida Inspirada em um gesto simples — colocar flores de ipê amarelo em um copo com água — esta crônica  fala sobre recomeços, cuidado e beleza silenciosa Foi só uma experiência. Daquelas pequenas coisas que fazemos sem grandes pretensões — e que, por algum motivo, nos tocam profundamente. As flores de ipê estavam no chão. Amareladas, ressecadas, desfeitas como confetes depois da festa. Algumas ainda conservavam forma; outras, despetaladas, pareciam restos de um tempo que passou apressado. Mesmo assim, havia beleza ali. Uma beleza que não gritava, mas que, talvez por isso mesmo, pedia um gesto de cuidado....

Entre tesourinhas e eixões

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Na seca do cerrado, Brasília floresce. Crônica sobre ipês, arquitetura e o instante em que a cidade suspira  Em Brasília, os ipês convivem entre "tesourinhas"  e "eixões"   Série Ipês de Brasília Entre tesourinhas e eixões Brasília não tem ruas como outras cidades. Tem quadras, superquadras, entrequadras. Tem eixos — eixão, eixinhos — e as tais das tesourinhas, que são mais do que atalhos: são passagens de tempo e de olhar. Na seca, a cidade inteira se reinventa. O céu mais azul, o ar mais seco, os narizes que reclamam… e os olhos que agradecem. Porque é nessa época que os ipês tomam conta de tudo. Amarelos, roxos, brancos, rosas. Espalham-se como se tivessem sido semeados pelo vento. Não escolhem lugar: aparecem entre prédios, nos canteiros, no canteiro do meio do eixão, entre viadutos, na frente de hospitais, de supermercados, de bancas de jornal. Até a geometria da cidade parece se curvar diante da explosão de cor. Outro dia, saí para um pequeno tour fotográfi...