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As flores voltaram e ela também

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Uma crônica sobre pausas, delicadezas e recomeços. As flores recolhidas do chão voltaram à vida  Às vezes, tudo o que precisamos é de um copo d’água,  algumas flores caídas… e uma pausa para voltar a nós mesmos. As flores voltaram - ela também Um gesto simples. Um copo com água. Duas flores Ela recolheu as flores como quem recolhe lembranças. Era fim de tarde e a cidade, entre poeira e silêncio, se preparava para mais uma noite seca. Passou embaixo de um ipê amarelo, um dos últimos da temporada. No chão, um amontoado de pétalas. Muitas já murchas, outras desbotadas. Pensou em passar direto — “são só flores” , disse, quase alto. Mas seus pés pararam. E suas mãos, delicadamente, escolheram duas entre tantas. Levou-as para casa sem saber por quê. Pegou um copo — um daqueles simples, de vidro fosco — encheu de água e mergulhou as flores como se estivesse pedindo desculpas pelo atraso. Deixou o copo na mesa. Foi fazer outra coisa. Esqueceu. Na manhã seguinte, algo mudou...

O tempo dos ipês

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Em plena seca do cerrado, os ipês florescem em Brasília — e com eles, floresce também o olhar de quem aprende a ver o belo. Fotos de 2014, 2017 e deste ano. Veja também no Instagram, através das datas. O tempo dos ipês Durante a seca do cerrado, os ipês em Brasília transformam a paisagem urbana Brasília e seus ipês. Pura poesia. Eles chegam em tempos de seca, quando a cidade parece cansada de céu azul e solo ressecado. O ar fica parado, a umidade quase evapora, mas os ipês florescem — e com eles, algo dentro da gente também se acende. Conheça o ciclo das flores mais simbólicas do cerrado brasileiro O brasiliense, acostumado a ver a vida passar entre quadras e eixos, esquece por instantes o nariz sangrando por causa do frio seco. Olha para cima. Admira os buquês que brotam como festa no alto das árvores. Primeiro o roxo. Depois o rosa. Logo vem o amarelo, sempre esperado. E, por fim, o branco — aquele branco tão branco que parece neve sonhada no cerrado. É curioso como eles não floresc...

Com o celular na mão

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Entre cores e pétalas, uma crônica sobre a delicadeza de olhar o mundo com olhos atentos — e o celular como aliado. Série Ipês de Brasília Com o celular na mão Cor nunca falta em Brasília. E talvez por isso eu tenha essa mania de sair por aí, andando com o celular sempre à mão. Não para responder mensagens, nem para me distrair — mas para estar pronta. Porque, por aqui, a natureza adora surpreender. Às vezes é um céu que explode em laranja no fim da tarde. Outras vezes é um ipê — ou muitos — abrindo flores de forma quase teatral.  Naquela manhã, saí sem pressa. O dia ainda fresco, o céu muito azul. No caminho, no início da tesourinha da 102 Sul, perto do Hospital de Base, lá estava ele: um ipê amarelo. Grande. Exuberante. Entre tantos outros da mesma região, era ele quem se destacava. Parei. Fotografei. A florada ainda estava no auge, e o sol fazia com que tudo brilhasse um pouco mais. As pétalas, quase translúcidas, pareciam flutuar. E foi ali que percebi o quanto esse hábito — ...

O voo em queda das flores

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 O ipê floresce e se despede com elegância. Uma crônica sobre o cair das flores e a beleza que se espalha no chão Série Ipês de Brasília O voo em queda das flores Crônica poética sobre o ciclo do ipê amarelo no cerrado , sua floração intensa e o cair das flores como um voo delicado e breve Quem vê um ipê amarelo no auge da floração dificilmente imagina que o espetáculo é breve. Mas ele sabe. Talvez por isso floresça com tanta intensidade — como se cada pétala carregasse urgência. A beleza vem em ondas. Primeiro no alto, entre galhos e céu. Depois, no chão. Porque as flores, quando caem, não desabam: voam. É um voo curto, é verdade. Mas há uma elegância silenciosa nesse cair. Uma dança lenta com o vento seco do cerrado, como se o tempo tivesse desacelerado para que a gente pudesse assistir. Na última semana, vi uma dessas cenas. O ipê que eu vinha acompanhando desde julho já havia perdido dois terços das flores. O chão, em compensação, era puro ouro. Um tapete espesso, macio...