Fim de ciclo, casa nova, um caderno e uma fênix. Às vezes, renascer é apenas continuar. Um caderno, uma casa, uma fênix Ela atravessou a ponte da cidade nova com a mala na mão e o coração ainda dividido entre o passado e o que viria. O sol batia no parabrisa do carro como se limpasse o caminho. Havia silêncio no banco de trás: só um par de sandálias, um caderno de capa dura e a promessa de uma nova história. Não avisou ninguém. Apenas foi. A casa era pequena, branca, com janelas que deixavam o vento entrar sem cerimônia. No quarto, uma parede sem quadros. E, no centro dela, uma pintura antiga: uma fênix vermelha, em traços firmes, com as asas abertas em meio às cinzas. Ninguém soube explicar quem a desenhou. Estava ali havia anos, disseram. Nunca apagaram. Ela olhou para aquela figura por alguns segundos. Parecia algo ridículo. Ou mágico. Não sabia. Nos primeiros dias, organizou os livros, fez café forte, tentou dormir cedo. Não conseguiu. A cabeça fervia como o fogão aceso. ...
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