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O tempo dos ipês

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Em plena seca do cerrado, os ipês florescem em Brasília — e com eles, floresce também o olhar de quem aprende a ver o belo. Fotos de 2014, 2017 e deste ano. Veja também no Instagram, através das datas. O tempo dos ipês Durante a seca do cerrado, os ipês em Brasília transformam a paisagem urbana Brasília e seus ipês. Pura poesia. Eles chegam em tempos de seca, quando a cidade parece cansada de céu azul e solo ressecado. O ar fica parado, a umidade quase evapora, mas os ipês florescem — e com eles, algo dentro da gente também se acende. Conheça o ciclo das flores mais simbólicas do cerrado brasileiro O brasiliense, acostumado a ver a vida passar entre quadras e eixos, esquece por instantes o nariz sangrando por causa do frio seco. Olha para cima. Admira os buquês que brotam como festa no alto das árvores. Primeiro o roxo. Depois o rosa. Logo vem o amarelo, sempre esperado. E, por fim, o branco — aquele branco tão branco que parece neve sonhada no cerrado. É curioso como eles não floresc...

O ipê da rodoviária

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  No coração da cidade, um ipê amarelo resiste ao tempo e suspende o caos.  Um texto sobre beleza, memória e permanência.  Leia a crônica completa. Entre buzinas e pressa, um ipê amarelo floresce e nos lembra: ainda há beleza.  Série Ipês de Brasília O ipê da rodoviária Ele está lá. Todos os anos. Alto, robusto, amarelo como ouro. Cresceu ali, no coração do vai e vem da cidade, como se fosse uma pausa no meio da pressa. O ipê da Rodoviária do Plano Piloto não é um ipê qualquer. Ele é antigo, talvez o mais antigo entre os ipês que conheço. Enfrentou secas, reformas, buzinas, concreto. Mas segue florindo, como quem sabe o seu papel. De longe, ele chama. É impossível passar pela Esplanada ou pela plataforma superior e não olhar. No auge da floração, ele faz os olhos desviarem das notificações do celular. Faz motoristas abrirem os vidros e passarem mais devagar. A primeira foto que tenho dele é de 2014. Postei com entusiasmo, como quem compartilha um tesouro. Nos a...

Ipês de Brasília: Tapete amarelo

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Crônica sobre a efemeridade das flores e a beleza que permanece, mesmo depois da partida. Um tapete  amarelo sob os pés e dentro da memória. Série Ipês de Brasília Entre ipês e ventos de agosto, a beleza chega sem alarde e vai embora sem aviso.  Uma crônica sobre o tempo, a delicadeza e o olhar Tapete Amarelo  Há uma semana, eles estavam lindos.  Ipês altos, cobertos de flores douradas, dominavam a paisagem ali na virada da W3 Sul com a 714/715. Seis ou sete árvores, como sentinelas de um tempo que não tem pressa. O chão também florido.  Os  ipês amarelos  criam um verdadeiro tapete de flores, colorindo o  cerrado brasiliense  em pleno agosto. Hoje, passo pelo mesmo lugar e me dou conta: já perderam mais de dois terços das flores. Algumas ainda resistem, mas é como se se despedissem aos poucos. O vento leva pétalas, o tempo leva o resto. Tudo faz parte do ciclo. Há uma delicadeza silenciosa nesse processo. Os ipês não nos preparam para o adeu...

Um casal sob o ipê

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  Entre flores e troncos, dois celulares, um encontro.  Uma crônica sobre delicadeza, silêncio e o que a câmera não vê de imediato Série Ipês de Brasília Casal sob o ipê Um clique. Um ipê florido. Só depois, com calma, percebi o casal ali — sob as flores, em silêncio, cada um com o celular na mão. Fotografei o ipê como quem eterniza um estado de espírito. Foi só depois, olhando as imagens com mais calma, que percebi: ali, bem ao centro, quase camuflados entre as flores e os troncos, estava um casal. Sentados sob a árvore, cada um com o celular em mãos, pareciam conversar com os dedos, talvez trocando fotos um do outro, talvez registrando o mesmo instante — cada qual do seu ângulo. Na hora, sorri. Dei zoom. Fiquei encantada. Fotografei o ipê florido em Brasília sem perceber o que ele me oferecia: um casal sob sua sombra , partilhando um instante de silêncio e beleza. Era como se a árvore tivesse escolhido enquadrá-los, como se soubesse que aquele momento merecia mais do q...

Ipês de Brasília I

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  Brasília e seus Ipês Quem mora em Brasília sabe que o ipê amarelo gosta de mostrar suas flores em plena seca do cerrado brasileiro. Sua beleza atrai os olhares de todos por sua exuberância e seu valor está também na garra e na grandeza de enfrentar um clima de pouquíssima umidade.  Eles aparecem entre os meses secos de nossa capital. A cidade perde em umidade, mas ganha em colorido. O brasiliense esquece o nariz sangrando com o frio seco para admirar as cores chegando e desaparecendo. Primeiro no alto das árvores, entre folhas de um verde escuro, logo depois não se vê mais as folhas, só flores. Não ficam muito tempo, são como companhias teatrais, não gostam de permanecer longos períodos em um só lugar.  Estamos na época do ipê-roxo. Depois o colorido passa a vez para o rosa, logo depois o sempre esperado amarelo para em seguida aparecer aquele que parece coberto com neve, o branco ultra branco. Ficam floridos algumas semanas. O bom é que não florescem ao mesmo tempo. Um...

E num piscar de olhos...

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E num piscar de olhos... Bom dia mano querido Véspera de Páscoa e eu aqui pensando em quanto é breve essa vida. Pessoas que amamos desaparecem num piscar de olhos. Uma dor, um mal-estar, uma cirurgia, anestesia... Médicos nos fazem fechar os olhos e... adeus vida terrena, adeus filhos, adeus família. A vida é uma fábrica de encontros e desencontros. Une pessoas, cria famílias, hoje crianças unidas, brincando num universo só delas - cada uma acreditando que seguirão assim, para sempre. Crescem, conhecem outras crianças crescidas, formam outros casais. Criam mais crianças brincando num mundinho só delas. Encontros de hoje, desencontros de amanhã. A criança vira tio, tia. Os tios tornam-se avós, bisavós. Felizes as famílias que conseguem ter suas gerações por perto. Sábios povos orientais. Ainda neste século eles conseguem unir, muitas vezes em uma só casa, diferentes gerações. Encontros e desencontros acontecem desde a criação do mundo. Encontros de crianças, desencontros de adultos. Meu...