Uma viagem curta, um desencontro na rodoviária, e o medo de perder quem amamos. Um desencontro Foi nos anos 90. Minha mãe viajava quase sempre acompanhada, mas dessa vez viajaria só, sem a companhia da netinha de Goiânia, que já tinha vindo outras vezes passar parte de dezembro conosco. Tínhamos combinado com minha irmã: ela a embarcaria no ônibus, e nós a pegaríamos. Era uma viagem curtinha, apenas duas horas na estrada. De Goiânia a Brasília há duas opções: via Taguatinga ou direto, sem paradas. Há saídas de hora em hora. Claro, o direto é mais rápido, meia hora a menos. Ela sairia às quatro da tarde, e nós a pegaríamos às seis. Tudo combinado, tudo certinho. Cinco e meia, nós já estávamos na plataforma de chegada dos ônibus vindos de Goiânia. Minha filha segurava uma rosa nas mãos, esperando a vozinha que passaria dezembro conosco. Eu já de férias, minha filha também. Vozinha com oitenta e dois anos, viajando no horário escolhido por ela: — É mais fresquinho, argumentou, e nos...
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