Conto a partir de textos deste blog sobre flores, renascimentos e encontros O Natal da Terra Na ceia, não havia anjos nem velas douradas. Apenas estrelas de carambola e grãos de romã espalhados como promessas. No centro do vermelho, uma flor branca. Era assim que a Mussaenda ensinava o Natal: o essencial quase invisível, a esperança insistindo em florir no calor do verão. Naquele dezembro, a cidade parecia cansada. As vitrines estavam prontas antes do tempo, os anúncios gritavam descontos, e o vermelho se espalhava como se fosse urgente convencer alguém de alguma coisa. Ainda assim, havia flores. Na esquina da rua antiga, uma Mussaenda-vermelha se derramava sobre o muro, exuberante, quase excessiva. Suas grandes pétalas rubras escondiam, no centro, uma flor branca pequena, delicada, quase invisível. Quem passava apressado via apenas o vermelho. Quem parava um pouco mais percebia o branco. Ela parou. Sempre gostara de flores que pareciam dizer algo sem leva...
Literatura, meio ambiente e cotidiano