terça-feira, outubro 30, 2012

Via Vida: Venci o Câncer de Mama

 Alerta contra o câncer de mama - Parabéns, Brasília 
Monumentos de Brasília iluminados de rosa - Fotos feitas dia 28 deste, domingo


Câncer de Mama


O câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA. Se precocemente diagnosticado, as chances de cura são de 95%. Por isto o alerta das campanhas, principalmente destas de outubro. Outubro rosa é um movimento comemorado na maioria dos países. Rosa é uma alusão ao laço rosa, símbolo da luta contra o câncer de mama. Graças ao diagnóstico precoce, hoje posso contar minha experiência. Confira logo abaixo. 
  


Veja a atualização sobre a incidência de câncer de mama no Brasil, no final deste post.


Como percebi um câncer de mama


Uma manhã, ao me levantar, senti uma pontada em meu seio direito. Como qualquer pessoa faria, imediatamente levei minha mão ao local, sentindo um caroço. Às pressas marquei uma consulta. No dia seguinte
lá estava eu no consultório de uma médica ginecologista que me acompanhava há algum tempo e com quem fazia regularmente os exames de rotina e de prevenção. Mas, por motivos alheios à minha vontade, havia quatro anos que eu não aparecia por lá.

Saí do consultório com o seio dolorido, tanto a médica o apalpou procurando o tal caroço que lhe disse ter sentido. Apesar dela nada ter encontrado, pediu dois exames, o de mamografia e um outro, uma ecografia mamária. Procurei a clínica* mais próxima de seu consultório e nesse mesmo dia fiz a mamografia, sendo encaminhada para uma outra sala para a ecografia. O médico da ecografia, constatando uma minúscula luz difusa, (a luz difusa indica a presença de algo ruim) pediu para que eu voltasse à sala de mamografia, para que uma outra fosse feita, desta vez com aumento.

O resultado dos exames

Vendo os exames, a médica me encaminhou a uma mastologista. Daí em diante peregrinei por vários médicos, tanto em Brasília quanto em Goiânia. Foi em uma clínica dessa última cidade que me senti mais segura. Enfim, a biópsia, pedida por todos os médicos, que iria confirmar ou não o que todos já suspeitavam, foi feita.

No dia marcado para receber o resultado fui ao consultório médico acompanhada por uma de minhas irmãs**. 

Ganhei na loteria?

O simpático e estudioso mastologista, Doutor Marcos Nascimento,*** olhando em meus olhos, disse: "Você ganhou na loteria, sozinha. É um carcinoma intraductal." Fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando 'decifrar' o que ele tinha dito. Então lhe perguntei já afirmando: "Carcinoma não é câncer, doutor?" Ainda mais cauteloso, ele respondeu: "O intraductal, como é em uma fase bem inicial, há médicos que não consideram câncer." Pegando um papel, ele foi desenhando e explicando o que era um carcinoma intraductal. Fez várias linhas que se encontravam no meio do seio, explicando que essas linhas, finas como um fio de linha - chamadas ductos, serviam para levar o leite quando a mulher amamenta. Que o 'ponto difuso' encontrado ficava em uma dessas linhas. Era, portanto, invisível a olho nu. Disse ainda que pouquíssimas mulheres tinham essa sorte, de terem descoberto um carcinoma em uma fase assim, tão inicial. Que o avanço da mamografia estava sendo primordial  para essas descobertas. 

Mistérios da vida

Naquele momento percebi que a palavra loteria, do Doutor Marcos, poderia ter muitas outras simbologias. Sorte? Ajuda divina? Ímã de energia positiva? Irradiação de luz? Energia do bem do universo? Sim, se esse "carcinoma intraductal" foi descoberto como foi, com certeza uma energia positiva, uma força superior nos acompanha, pensei agradecida pela 'loteria'. Sim, "ganhar sozinha na loteria", sem passar pela lotérica, seria, para uns, a força do universo tramando a nosso favou ou, para outros, a mão de Deus ajudando uma pobre mortal. Mistérios da vida, penso.

 Penso e me pergunto sempre: se não existia nenhum caroço, se também não havia possibilidade de dor, se esse  'ponto difuso' era invisível a olho nu, tendo que ser utilizado um microscópio potente para ser investigado, como senti uma pontada e percebi um caroço? Em minha cabeça ficou uma certeza: Foi uma mão invisível me direcionando ao tratamento, antes que a doença aumentasse e tomasse todo o meu corpo.

Mastectomia e quadrantectomia 

Quando é necessário a retirada total do seio, é feita uma cirurgia chamada mastectomia. Quando a retirada é parcial, é feita uma quadrantectomia, também chamada de ressecção segmentar, ou lumpectomia, ou mastectomia parcial ou mastectomia segmentar, segundo pude descobrir, através de pesquisas, para bem informar neste mês de outubro, nosso "mês rosa". 

A cirurgia

Fiz uma quadrantectomia que, como disse antes, é a retirada de uma parte do seio. Não houve a necessidade de quimioterapia, mas fiz 25 sessões de radioterapia e usei uma medicação, o Tamoxifeno, por cinco anos. Cinco anos depois da retirada de um carcinoma, caso não apresente mais sintomas, a pessoa pode ser considerada curada, logo... 

Quem pode ter câncer de mama?

A multiplicação de células anormais forma um tumor. Aí perguntamos: quando isso pode acontecer? São muitos fatores, entre eles a hereditariedade. Também o consumo de bebida alcoólica, o sedentarismo, muita exposição a radiações - raios-x, ganho de peso excessivo após a menopausa, não ter tido filhos, menstruação precoce - antes dos doze anos, reposição hormonal prolongada - mais de cinco anos, entre outras causas.    

Cuide-se

Então, amiga, vamos fazer nossa parte? Estamos nos cuidando quando vamos às consultas marcadas, quando fazemos o autoexame e os exames médicos pedidos. A mamografia é fundamental. Ela pode salvar sua vida, como salvou a minha. Cuide-se fazendo seus exames de rotina e, se esse inimigo atacar, diga também: "Venci. Com a mamografia, fui mais rápida que o câncer."

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Fotos: Fiz essas fotos em Brasília, no domingo - Catedral, Congresso e Ponte JK, com uma pequena câmera Sony.

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*CLIDAE, Clínica de Diagnósticos por Imagem, uma clínica popular de Brasília, na 914 Sul. Fui atendida, para a ecografia, pelo competentíssimo Doutor Luís Fernando Seixas Henriques. Agradeço primeiramente a Deus e depois a ele a descoberta desse carcinoma ainda na fase inicial. Estava na fase mais inicial que existe. Por isto a importância de sermos acompanhadas por bons profissionais.
**Dr. Marcos Nascimento Borges, da Clínica Somma, em Goiânia. Meus agradecimentos a ele, pelo seu carinho e atenção.
***Betty, minha mana caçulinha. Obrigada, querida irmã, pelo apoio nas horas difíceis. Agradeço também a mana do meio, Ana, por seu carinho, sua dedicação e sua acolhida durante todo nosso tratamento em Goiânia.  

A Catedral de Brasília iluminada de rosa durante o mês de outubro

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Atualização:

(No Brasil) “Em 2019, a taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população mundial,  foi 14,23 óbitos/100.000 mulheres. As regiões Sudeste e Sul apresentam também as taxas mais elevadas” (INCA, 2021).


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Segundo o INCA, este ano,  (2021), no Brasil, os novos casos de câncer de mama ocorrerão em 66.280 mulheres.  As maiores taxas são no Sul e no Sudeste, tendo o Norte a menor incidência. Ou seja, o percentual dessa doença é mais elevado em regiões mais desenvolvidas. Se houvesse mais investimentos em Educação, Saúde e Ciência, esta seria uma pesquisa prioritária para se saber as causas que levam a se ter um número maior de Câncer de mama em umas regiões e menor em outras. Daí a importância de mais verbas para as pesquisas nas universidades brasileiras. 


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