Série Ipês de Brasília
O voo em queda das flores
Quem vê um ipê amarelo no auge da floração dificilmente imagina que o espetáculo é breve.
Mas ele sabe.
Talvez por isso floresça com tanta intensidade — como se cada pétala carregasse urgência.
A beleza vem em ondas. Primeiro no alto, entre galhos e céu. Depois, no chão.
Porque as flores, quando caem, não desabam: voam.
É um voo curto, é verdade.
Mas há uma elegância silenciosa nesse cair.
Uma dança lenta com o vento seco do cerrado, como se o tempo tivesse desacelerado para que a gente pudesse assistir.
Na última semana, vi uma dessas cenas.
O ipê que eu vinha acompanhando desde julho já havia perdido dois terços das flores.
O chão, em compensação, era puro ouro. Um tapete espesso, macio, feito de amarelo e memória.
Ali, entendi o que me fascina nos ipês: não é só o florir. É o despedir-se com dignidade.
Eles não imploram permanência.
Não resistem.
Apenas florescem — e, quando chega a hora, deixam que a beleza se desfaça no tempo.
As flores vão caindo uma a uma, e a cidade, mesmo com sua pressa habitual, se detém. As pessoas param para fotografar. Algumas passam devagar. Outras, em silêncio, apenas sentem.
No chão, as pétalas acumuladas não são sobras.
São lembranças.
E cobrem as calçadas como se dissessem: “A beleza passou por aqui.”
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