sexta-feira, agosto 14, 2009

Via Natureza: De Onde Veio Essa Pombinha?


Encontramos essa pombinha, no final de maio, numa moita de um canteiro com plantas diversas. Estava sendo acuada por nossa cadela. Ouvindo o latido, fomos ver o que era. Vimos a pequena ave* toda encolhida, tentando se esconder entre as ramagens.
Minha filha a pegou com carinho, mas ela tremia de medo. Era um filhote, naturalmente aprendendo a voar, que tinha caído de alguma árvore. Tentamos fazê-la beber algumas gotas d'água, passamos a mão em sua cabecinha... Pouco a pouco ela se acalmou; deve ter percebido que o perigo tinha passado.
Devia ser mais ou menos seis horas da tarde quando a vimos. Percebendo que a pobrezinha estava cansada, procuramos acomodá-la em uma caixa. As aves dormem cedo, logo depois do por do sol. Cada um queria 'enfeitar' melhor aquele ninho improvisado, com folhas e galhos diversos. Seu novo abrigo ficou assim:



No dia seguinte, depois de alimentá-la com frutas raspadas e muito carinho, com direito a uma sessão de fotos, fomos procurar seu ninho. Achamos este da foto abaixo, com uma pomba que nos olhava inquieta. Ficava bem no topo de uma grande e alta árvore. "Como fazer", pensamos, "ela voa alguns metros e logo cai"... Deve ter acontecido alguma coisa quando caiu na moita. Ou talvez o medo daquele animal latindo a tenha feito se apressar, ficando espremida entre os galhos, se machucando... Olhamos suas asas, seu corpinho, suas pernas finas, mas não vimos nenhum sinal que indicasse algum ferimento.

Ninho de pombas

Resolvemos deixá-la em um galho mais baixo da árvore. Ficamos olhando de longe. Duas vezes ela voou para outros galhos. Voava como se estivesse saltando. É, devia mesmo estar aprendendo a voar. Entretidos em conversas e afazeres, descuidamos um pouco da tarefa de vigiá-la e, quando fomos vê-la, ela já não estava mais por ali. Durante o dia vimos várias pombinhas nas árvores próximas. Será que ela estava entre elas?
As aves mamães geralmente 'empurram' seus jovens rebentos para fazê-los perder o medo das alturas. No susto da queda, eles começam a bater as asas e descobrem que podem ficar no ar; a partir daí, como leves plumas, voam de um lado para outro.

O olhar tristonho da pombinha

Nós, humanos, de um modo geral, temos medo de 'empurrar' nossos filhos para a vida, preferindo tê-los sempre por perto. Erramos? Não sei. Neste mundo de hoje, cheio de violências, o melhor é deixá-los 'voar' a seu tempo, de acordo com a maturidade de cada um deles. Pelo que tenho lido, não sou a única a pensar assim. Parece que é uma tendência mundial. Temos medo que eles - nossos filhos, como aquela pombinha, encontrem cães e cadelas ferozes vida afora.
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*Aves e pássaros - ..."todos os pássaros são aves, mas nem todas aves são pássaros!" Afinal, como distinguir um pássaro de uma ave? No artigo Nem todas as aves são pássaros (veja o site abaixo) podemos ler:

"Rodolpho von Ihering, um dos maiores naturalistas deste País, já frisava em sua obra magna, o DICIONÁRIO DOS ANIMAIS DO BRASIL: "Pouca gente costuma fazer distinção com valor classificativo, no emprego dos vocábulos ave e pássaro, peculiares à nossa língua e à espanhola. O francês emprega indiferentemente oiseau, tanto ao designar o avestruz como o pardal e da mesma forma Vogel em alemão e bird em inglês aplicam-se a qualquer vertebrado plumado. Mas ninguém, falando corretamente nossa língua, dirá que a ema, o gavião e o papagaio sejam pássaros". O mestre até exemplifica: "Termos ouvido definir que pássaros são as aves pequenas. Estará certa? O bem-te-vi é um pássaro, mas a rolinha, muito menor, pode ser designada assim? Certamente que não, pois a rola é uma pomba e os representante desta ordem não são pássaros, porém aves, como as galinhas".
"Depreende-se, portanto, a existência de valor classificativo para a palavra pássaro. Todos os vertebrados providos de penas são aves, inclusive os pássaros. Estes, porém, pertencem a um grupo zoológico bem caracterizado, constituindo a ordem Passeriformes. E a ela não se filiam tuins, andorinhões e nem mesmo os beija- flores, apesar de suas reduzidas dimensões. Daí se deduz que, se quisermos empregar com exatidão os vocábulos ave e pássaro, a noção de tamanho deve ser completamente abandonada, levando-se em conta apenas o critério de classificação. Pássaros, só os Passeriformes, que têm bico desprovido de membrana na base, tarsos isentos de penas, pés com três dedos dirigidos para a frente e um para trás e unha do dedo posterior mais forte que a dos anteriores, dos quais os dois interiores são ligados entre si na base." Leia mais em: http://www.ao.com.br/aves&pas.htm
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