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Mostrando postagens com o rótulo Ipês

Elas passaram florindo

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  Elas floresceram. E depois partiram.   As flores vão, mas continuam a tocar quem passa Elas passaram florindo Presenças que florescem e se transformam em caminhos Há pessoas que passam pela vida da gente como flores dos ipês.   Chegam sem alarde, mas, quando florescem, é impossível não notar.   Têm cor, têm canto, têm riso fácil.   Fazem do cotidiano um quintal cheio de histórias.   Carregam a cultura de um lugar nos gestos, no sotaque, nos saberes.   E, sem pedir licença, espalham alegria como se fosse semente ao vento.   São aquelas pessoas que transformam o ar ao seu redor.   Você sabe: onde elas estiveram, alguma coisa floresceu.   Mas o tempo, que a tudo leva, também leva essas presenças.   E quando elas partem — cedo ou tarde, como todas as flores — não se vão por completo.   Porque certas pessoas, assim como os ipês, sabem deixar um tapete   Um tapete de lembranças.   De risos soltos no meio da rua. ...

As flores voltaram e ela também

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Uma crônica sobre pausas, delicadezas e recomeços. As flores recolhidas do chão voltaram à vida  Às vezes, tudo o que precisamos é de um copo d’água,  algumas flores caídas… e uma pausa para voltar a nós mesmos. As flores voltaram - ela também Um gesto simples. Um copo com água. Duas flores Ela recolheu as flores como quem recolhe lembranças. Era fim de tarde e a cidade, entre poeira e silêncio, se preparava para mais uma noite seca. Passou embaixo de um ipê amarelo, um dos últimos da temporada. No chão, um amontoado de pétalas. Muitas já murchas, outras desbotadas. Pensou em passar direto — “são só flores” , disse, quase alto. Mas seus pés pararam. E suas mãos, delicadamente, escolheram duas entre tantas. Levou-as para casa sem saber por quê. Pegou um copo — um daqueles simples, de vidro fosco — encheu de água e mergulhou as flores como se estivesse pedindo desculpas pelo atraso. Deixou o copo na mesa. Foi fazer outra coisa. Esqueceu. Na manhã seguinte, algo mudou...

O ipê da rodoviária

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  No coração da cidade, um ipê amarelo resiste ao tempo e suspende o caos.  Um texto sobre beleza, memória e permanência.  Leia a crônica completa. Entre buzinas e pressa, um ipê amarelo floresce e nos lembra: ainda há beleza.  Série Ipês de Brasília O ipê da rodoviária Ele está lá. Todos os anos. Alto, robusto, amarelo como ouro. Cresceu ali, no coração do vai e vem da cidade, como se fosse uma pausa no meio da pressa. O ipê da Rodoviária do Plano Piloto não é um ipê qualquer. Ele é antigo, talvez o mais antigo entre os ipês que conheço. Enfrentou secas, reformas, buzinas, concreto. Mas segue florindo, como quem sabe o seu papel. De longe, ele chama. É impossível passar pela Esplanada ou pela plataforma superior e não olhar. No auge da floração, ele faz os olhos desviarem das notificações do celular. Faz motoristas abrirem os vidros e passarem mais devagar. A primeira foto que tenho dele é de 2014. Postei com entusiasmo, como quem compartilha um tesouro. Nos a...

Ipês de Brasília: Tapete amarelo

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Crônica sobre a efemeridade das flores e a beleza que permanece, mesmo depois da partida. Um tapete  amarelo sob os pés e dentro da memória. Série Ipês de Brasília Entre ipês e ventos de agosto, a beleza chega sem alarde e vai embora sem aviso.  Uma crônica sobre o tempo, a delicadeza e o olhar Tapete Amarelo  Há uma semana, eles estavam lindos.  Ipês altos, cobertos de flores douradas, dominavam a paisagem ali na virada da W3 Sul com a 714/715. Seis ou sete árvores, como sentinelas de um tempo que não tem pressa. O chão também florido.  Os  ipês amarelos  criam um verdadeiro tapete de flores, colorindo o  cerrado brasiliense  em pleno agosto. Hoje, passo pelo mesmo lugar e me dou conta: já perderam mais de dois terços das flores. Algumas ainda resistem, mas é como se se despedissem aos poucos. O vento leva pétalas, o tempo leva o resto. Tudo faz parte do ciclo. Há uma delicadeza silenciosa nesse processo. Os ipês não nos preparam para o adeu...