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O Desabafo de uma Árvore do Cerrado

Sou mais uma planta do cerrado. Meu tronco tem marcas de queimadas, minhas companheiras foram arrancadas, e vejo eucaliptos onde deveriam estar ipês.   O Desabafo de uma Árvore do Cerrado (2023)  Uma atualização da crônica "Monólogo de uma árvore do Cerrado" (2009)* Em 2009, publiquei uma crônica emocionante narrada por uma árvore nativa do Cerrado, que desabafava sobre as queimadas, a perda de suas irmãs e o avanço de espécies exóticas em seu habitat. Mais de uma década depois, decidi revisitar essa voz poderosa e refletir sobre como as coisas podem ter (ou não) mudado para as árvores do Cerrado. Infelizmente, muitos dos desafios descritos na crônica original permanecem atuais. O fogo, o desmatamento e a substituição de espécies nativas ainda ameaçam a existência dessas guardiãs silenciosas. No entanto, a determinação em resistir e o apelo por uma convivência harmoniosa também seguem ecoando. Compartilho agora uma nova versão desse "Desabafo de uma Árvore do Cerrado...

Monólogo de uma Árvore

Foto feita nos arredores de um condomínio de Brasília Monólogo de Uma Árvore Sou mais uma planta do cerrado. Sou árvore resistente. Quantas vezes já fui queimada viva! Olhem meu tronco: há marcas de queimaduras por todo meu corpo; no início, quando era mais jovem, meu tronco se refazia quase totalmente. Hoje, a cada queimada, fico mais escura e envelhecida. Olho à minha volta. O que vejo? Poucas árvores, minhas companheiras, resistiram. Do que semeei, muito, muito pouco conseguiu sobreviver. As plantas nativas, como eu, árvore pensativa, quando não são destruídas por queimadas, são arrancadas para darem lugar para mais abrigos do inimigo número um de nossa Mãe Natureza. Tudo bem, eles nascem às centenas todo segundo, mas não podemos conviver um com o outro? Não podemos ser amigos? Queria tanto! Quero continuar vendo crianças subindo, alegres, em meu tronco. Quero abrigar aqueles que passam por mim e descansam sob minha copa. Quero ver pássaros fazendo ninhos em meus galhos. Quero nã...