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Ipês de Brasília I

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  Brasília e seus Ipês Quem mora em Brasília sabe que o ipê amarelo gosta de mostrar suas flores em plena seca do cerrado brasileiro. Sua beleza atrai os olhares de todos por sua exuberância e seu valor está também na garra e na grandeza de enfrentar um clima de pouquíssima umidade.  Eles aparecem entre os meses secos de nossa capital. A cidade perde em umidade, mas ganha em colorido. O brasiliense esquece o nariz sangrando com o frio seco para admirar as cores chegando e desaparecendo. Primeiro no alto das árvores, entre folhas de um verde escuro, logo depois não se vê mais as folhas, só flores. Não ficam muito tempo, são como companhias teatrais, não gostam de permanecer longos períodos em um só lugar.  Estamos na época do ipê-roxo. Depois o colorido passa a vez para o rosa, logo depois o sempre esperado amarelo para em seguida aparecer aquele que parece coberto com neve, o branco ultra branco. Ficam floridos algumas semanas. O bom é que não florescem ao mesmo tempo. Um...

E num piscar de olhos...

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E num piscar de olhos... Bom dia mano querido Véspera de Páscoa e eu aqui pensando em quanto é breve essa vida. Pessoas que amamos desaparecem num piscar de olhos. Uma dor, um mal-estar, uma cirurgia, anestesia... Médicos nos fazem fechar os olhos e... adeus vida terrena, adeus filhos, adeus família. A vida é uma fábrica de encontros e desencontros. Une pessoas, cria famílias, hoje crianças unidas, brincando num universo só delas - cada uma acreditando que seguirão assim, para sempre. Crescem, conhecem outras crianças crescidas, formam outros casais. Criam mais crianças brincando num mundinho só delas. Encontros de hoje, desencontros de amanhã. A criança vira tio, tia. Os tios tornam-se avós, bisavós. Felizes as famílias que conseguem ter suas gerações por perto. Sábios povos orientais. Ainda neste século eles conseguem unir, muitas vezes em uma só casa, diferentes gerações. Encontros e desencontros acontecem desde a criação do mundo. Encontros de crianças, desencontros de adultos. Meu...

Com o celular na mão

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Entre cores e pétalas, uma crônica sobre a delicadeza de olhar o mundo com olhos atentos — e o celular como aliado. Série Ipês de Brasília Com o celular na mão Cor nunca falta em Brasília. E talvez por isso eu tenha essa mania de sair por aí, andando com o celular sempre à mão. Não para responder mensagens, nem para me distrair — mas para estar pronta. Porque, por aqui, a natureza adora surpreender. Às vezes é um céu que explode em laranja no fim da tarde. Outras vezes é um ipê — ou muitos — abrindo flores de forma quase teatral.  Naquela manhã, saí sem pressa. O dia ainda fresco, o céu muito azul. No caminho, no início da tesourinha da 102 Sul, perto do Hospital de Base, lá estava ele: um ipê amarelo. Grande. Exuberante. Entre tantos outros da mesma região, era ele quem se destacava. Parei. Fotografei. A florada ainda estava no auge, e o sol fazia com que tudo brilhasse um pouco mais. As pétalas, quase translúcidas, pareciam flutuar. E foi ali que percebi o quanto esse hábito — ...

O voo em queda das flores

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 O ipê floresce e se despede com elegância. Uma crônica sobre o cair das flores e a beleza que se espalha no chão Série Ipês de Brasília O voo em queda das flores Crônica poética sobre o ciclo do ipê amarelo no cerrado , sua floração intensa e o cair das flores como um voo delicado e breve Quem vê um ipê amarelo no auge da floração dificilmente imagina que o espetáculo é breve. Mas ele sabe. Talvez por isso floresça com tanta intensidade — como se cada pétala carregasse urgência. A beleza vem em ondas. Primeiro no alto, entre galhos e céu. Depois, no chão. Porque as flores, quando caem, não desabam: voam. É um voo curto, é verdade. Mas há uma elegância silenciosa nesse cair. Uma dança lenta com o vento seco do cerrado, como se o tempo tivesse desacelerado para que a gente pudesse assistir. Na última semana, vi uma dessas cenas. O ipê que eu vinha acompanhando desde julho já havia perdido dois terços das flores. O chão, em compensação, era puro ouro. Um tapete espesso, macio...

Segui o colibri

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Um instante com um beija-flor e uma revelação sobre o que nos nutre. Crônica poética sobre leveza, busca e conexão Segui o colibri Foi um instante. Mas esses instantes, tão pequenos quanto um bater de asas, são os que ficam. Vi um colibri. Não foi a primeira vez, mas naquela manhã ele apareceu como sinal. Pequeno, veloz, curioso — desses seres que parecem saídos de um sonho antigo. Voava de flor em flor com precisão e graça. Um toque aqui, outro ali. Não sugava a flor. Beijava. E foi nesse gesto sutil que algo me tocou. Pensei no néctar. Pensei no amor. E entendi, de repente, a frase que eu havia escrito dias antes: "O néctar se conecta com o amor do beija-flor." Sim. Porque ele não voa atrás de qualquer flor. Ele escolhe. Tem preferência, tem fidelidade. E quando encontra o que deseja, mergulha — leve, inteiro, vibrante. Segui o colibri com os olhos. Depois com o pensamento. Depois com o coração. E percebi: talvez a vida seja isso. Encontrar o néctar certo. Não ...