domingo, outubro 08, 2017

Com o celular na mão

Entre cores e pétalas, uma crônica sobre a delicadeza de olhar o mundo com olhos atentos — e o celular como aliado.

Fotografia: Luísa Nogueira



Série Ipês de Brasília

Com o celular na mão

Cor nunca falta em Brasília.
E talvez por isso eu tenha essa mania de sair por aí, andando com o celular sempre à mão. Não para responder mensagens, nem para me distrair — mas para estar pronta. Porque, por aqui, a natureza adora surpreender.

Às vezes é um céu que explode em laranja no fim da tarde. Outras vezes é um ipê — ou muitos — abrindo flores de forma quase teatral. 




Naquela manhã, saí sem pressa. O dia ainda fresco, o céu muito azul. No caminho, no início da tesourinha da 102 Sul, perto do Hospital de Base, lá estava ele: um ipê amarelo. Grande. Exuberante. Entre tantos outros da mesma região, era ele quem se destacava.

Fotografia: Luísa Nogueira

Fotografia: Luísa Nogueira

Fotografia: Luísa Nogueira


Parei. Fotografei.
A florada ainda estava no auge, e o sol fazia com que tudo brilhasse um pouco mais. As pétalas, quase translúcidas, pareciam flutuar.

E foi ali que percebi o quanto esse hábito — caminhar com o celular como uma extensão do olhar — me aproximava das pequenas maravilhas do cotidiano.
Sim, eu poderia apenas ter passado. Mas não passei. Parei, registrei, admirei. E, com isso, guardei também o instante.

Talvez a beleza precise disso: de olhos atentos e um coração disposto a registrar não só a imagem, mas o sentimento.

Fotografia: Luísa Nogueira


No fim, acho que meu celular virou também uma espécie de diário visual.
Não de selfies, mas de ipês.
De amanheceres.
De flores.
De instantes que passam, mas deixam raiz.


Fotografia: Luísa Nogueira

Fotografia: Luísa Nogueira

Fotografia: Luísa Nogueira

Fotografia: Luísa Nogueira

Fotografia: Luísa Nogueira

Nota: Fotos de diversos instantes aqui e ali. Publicadas neste blog e em meu Instagram.


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quinta-feira, outubro 05, 2017

O voo em queda das flores

 O ipê floresce e se despede com elegância. Uma crônica sobre o cair das flores e a beleza que se espalha no chão


Série Ipês de Brasília

O voo em queda das flores

Crônica poética sobre o ciclo do ipê amarelo no cerrado, sua floração intensa e o cair das flores como um voo delicado e breve

Quem vê um ipê amarelo no auge da floração dificilmente imagina que o espetáculo é breve.
Mas ele sabe.
Talvez por isso floresça com tanta intensidade — como se cada pétala carregasse urgência.

A beleza vem em ondas. Primeiro no alto, entre galhos e céu. Depois, no chão.
Porque as flores, quando caem, não desabam: voam.

É um voo curto, é verdade.
Mas há uma elegância silenciosa nesse cair.
Uma dança lenta com o vento seco do cerrado, como se o tempo tivesse desacelerado para que a gente pudesse assistir.

Na última semana, vi uma dessas cenas.
O ipê que eu vinha acompanhando desde julho já havia perdido dois terços das flores.
O chão, em compensação, era puro ouro. Um tapete espesso, macio, feito de amarelo e memória.

Ali, entendi o que me fascina nos ipês: não é só o florir. É o despedir-se com dignidade.
Eles não imploram permanência.
Não resistem.
Apenas florescem — e, quando chega a hora, deixam que a beleza se desfaça no tempo.

As flores vão caindo uma a uma, e a cidade, mesmo com sua pressa habitual, se detém. As pessoas param para fotografar. Algumas passam devagar. Outras, em silêncio, apenas sentem.

No chão, as pétalas acumuladas não são sobras.
São lembranças.
E cobrem as calçadas como se dissessem: “A beleza passou por aqui.”


Nota: Veja essas mesmas fotos no Instagram. Postei também lá um pequeno vídeo de um ipê, com suas flores caindo  - parecem voar.

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quinta-feira, setembro 21, 2017

Segui o colibri

Um instante com um beija-flor e uma revelação sobre o que nos nutre. Crônica poética sobre leveza, busca e conexão

Fotografia: Luísa Nogueira

Segui o colibri

Foi um instante.
Mas esses instantes, tão pequenos quanto um bater de asas, são os que ficam.

Vi um colibri.
Não foi a primeira vez, mas naquela manhã ele apareceu como sinal. Pequeno, veloz, curioso — desses seres que parecem saídos de um sonho antigo.
Voava de flor em flor com precisão e graça.
Um toque aqui, outro ali. Não sugava a flor. Beijava.

E foi nesse gesto sutil que algo me tocou.

Pensei no néctar.
Pensei no amor.
E entendi, de repente, a frase que eu havia escrito dias antes:
"O néctar se conecta com o amor do beija-flor."

Sim. Porque ele não voa atrás de qualquer flor.
Ele escolhe.
Tem preferência, tem fidelidade.
E quando encontra o que deseja, mergulha — leve, inteiro, vibrante.

Segui o colibri com os olhos.
Depois com o pensamento.
Depois com o coração.

E percebi: talvez a vida seja isso. Encontrar o néctar certo.
Não aquele que nos oferece mais, mas o que nos alimenta melhor.
O que faz vibrar as asas.
O que nos chama a voltar.

Desde então, carrego essa imagem como guia.
Busco o que floresce em mim.
O que me nutre.
O que me faz leve.

E se, por acaso, a vida me parecer seca demais, lembro do colibri —
E voo em busca de flores.   

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Foto postada no Instagram, no dia 03 de setembro.  

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segunda-feira, setembro 11, 2017

Flores que voltaram

 

Fotografia: Luísa Nogueira
Flores caídas e recolhidas. Elas voltaram à vida

 Você já recolheu algo que parecia perdido — e se surpreendeu? 
Crônica sensível sobre ipês, flores recolhidas e o poder de pequenos 
gestos para despertar o que parecia perdido. Um texto sobre 
recomeços, cuidado e a beleza escondida nos intervalos

Flores que voltaram à vida

Inspirada em um gesto simples — colocar flores de ipê amarelo em um copo com água — esta crônica fala sobre recomeços, cuidado e beleza silenciosa

Foi só uma experiência. Daquelas pequenas coisas que fazemos sem grandes pretensões — e que, por algum motivo, nos tocam profundamente.

As flores de ipê estavam no chão. Amareladas, ressecadas, desfeitas como confetes depois da festa. Algumas ainda conservavam forma; outras, despetaladas, pareciam restos de um tempo que passou apressado. Mesmo assim, havia beleza ali. Uma beleza que não gritava, mas que, talvez por isso mesmo, pedia um gesto de cuidado.

Peguei algumas. As mais inteiras. Levei comigo.

Em casa, procurei um copo transparente — quis que a água e as flores se vissem.
Coloquei-as ali, com delicadeza, como quem faz um ritual, e deixei sobre a mesa. Não esperava nada. Era só uma forma de não deixá-las partir tão rápido.

No dia seguinte, quase sem querer, olhei de novo.
As flores haviam se aberto.
O que era secura se tornou cor. O que parecia fim era, afinal, só um intervalo. E eu me peguei sorrindo — não por euforia, mas por uma espécie de gratidão silenciosa.

Ali, naquele copo simples, cabia uma lição: nem tudo o que cai está perdido.

Às vezes, é só a vida pedindo uma pausa. Um fio de água. Um pouco de cuidado. Um lugar para recomeçar.

Aquelas flores — frágeis, renascidas — me ensinaram sem palavras.

Desde então, passei a olhar com mais respeito o que parece quebrado.
Passei a recolher não só flores, mas pedaços de mim que pensei que não serviam mais.
Coloquei-me também em água limpa, dei-me tempo, e esperei o retorno da cor.

A natureza, com seu jeito silencioso, tem dessas delicadezas que nos resgatam.
Às vezes, a flor volta.
Às vezes, a vida volta.
Às vezes, basta apenas não desistir do que ainda pode andar, mesmo tendo sido levada por ventanias.


Fotografia: Luísa Nogueira

O que parecia fim era, afinal, só um intervalo. 

Uma flor, um copo e um gesto pequeno que virou poesia


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domingo, setembro 03, 2017

Entre tesourinhas e eixões

Na seca do cerrado, Brasília floresce. Crônica sobre ipês, arquitetura e o instante em que a cidade suspira

Fotografia: Luísa Nogueira
 Em Brasília, os ipês convivem entre "tesourinhas"
 e "eixões"

 

Série Ipês de Brasília

Entre tesourinhas e eixões

Brasília não tem ruas como outras cidades. Tem quadras, superquadras, entrequadras. Tem eixos — eixão, eixinhos — e as tais das tesourinhas, que são mais do que atalhos: são passagens de tempo e de olhar.

Na seca, a cidade inteira se reinventa. O céu mais azul, o ar mais seco, os narizes que reclamam… e os olhos que agradecem.
Porque é nessa época que os ipês tomam conta de tudo.

Amarelos, roxos, brancos, rosas.
Espalham-se como se tivessem sido semeados pelo vento. Não escolhem lugar: aparecem entre prédios, nos canteiros, no canteiro do meio do eixão, entre viadutos, na frente de hospitais, de supermercados, de bancas de jornal.
Até a geometria da cidade parece se curvar diante da explosão de cor.

Outro dia, saí para um pequeno tour fotográfico.
Câmera em uma mão, celular na outra. Parei em viadutos, nas passarelas, nas entrequadras. Andei por avenidas com nomes de letras e números, onde o concreto costuma dominar. Mas, naquela tarde, era o amarelo que mandava.

Lembrei da frase que dizem por aí: Brasília é uma cidade que se aprende a amar.
Talvez seja verdade.
Mas é também uma cidade que, quando floresce, ensina a gente a olhar.

A secura da estação contrasta com a exuberância dos ipês. É como se a natureza dissesse, com cores vibrantes: “Nem tudo é o que parece.” E essa é, talvez, uma das lições mais bonitas da cidade.

Atravessar uma tesourinha nos meses secos é ver o inesperado: um ipê em flor entre o concreto e o céu.
É quando a arquitetura cede à poesia.
É quando Brasília — tão racional, tão simétrica — suspira.

E a gente também.

—— 


Nota: Em nosso perfil do Instagram você pode ver mais fotos de ipês floridos em Brasília, em eixos, eixões, tesourinhas e em frente de seus "blocos" (prédios). Há também vídeos. 

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